DISCURSO E SUBJETIVAÇÃO NO GÊNERO MUSICAL TRAP: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

  • Autor
  • Marcus Klederis Monteiro Vieira
  • Co-autores
  • Ana Leticia Rodrigues de Souza , Daniel Bernardo Muniz , Iani Iasmin de Sousa Trajano
  • Resumo
  •  

    Introdução: O gênero musical trap, surgido no sul dos Estados Unidos nos anos 1990, consolidou-se no Brasil como uma das expressões culturais mais significativas entre jovens negros e periféricos. Combinando sonoridades densas, narrativas de resistência e representações de ascensão social, o trap brasileiro ultrapassa os limites da estética musical e se afirma como um campo discursivo de produção de subjetividades. No entanto, as abordagens acadêmicas sobre o gênero ainda são incipientes no Brasil, com ênfase em análises sonoras, visuais ou de consumo (Coutinho, 2024; Marques, 2022), deixando em segundo plano suas dimensões psicossociais e simbólicas. Este trabalho apresenta os resultados da primeira etapa do projeto de Iniciação Científica “Discurso e Subjetivação no Gênero Musical Trap: uma Perspectiva Psicanalítica”, que consiste no levantamento bibliográfico e construção teórica inicial. A pesquisa parte da Psicanálise, especialmente da noção de Ideal de Eu proposta por Freud (1914), compreendendo esse conceito como a instância psíquica que organiza o desejo a partir de identificações sociais e normativas internalizadas. Tal conceito é articulado a autores que tensionam os atravessamentos de raça, gênero, classe e sexualidade na formação do sujeito: Neuza Santos Souza (1983), Frantz Fanon (2008), Judith Butler (2003), Michel Foucault (1976), Aníbal Quijano (2005) e Angela Davis (1981). As letras de trap, nesse contexto, são tratadas como enunciados que revelam os modos como esses sujeitos lidam com as exigências sociais de pertencimento, poder, virilidade e consumo, sendo atravessados por contradições que oscilam entre resistência e captura simbólica. A análise psicossocial desse discurso se mostra fundamental diante da ausência de investigações que considerem os modos como o gênero trap organiza, representa e performa os processos de subjetivação de seus autores. Ao legitimar essas produções culturais como objeto científico, o presente estudo propõe também um gesto ético e político de valorização dos saberes periféricos. Objetivo: Apresentar os resultados iniciais do projeto de Iniciação Científica, destacando os principais eixos temáticos encontrados na produção científica recente sobre o tema. Metodologia: O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo, qualitativo, com abordagem exploratória. Consiste no levantamento bibliográfico e teórico sobre os temas centrais da pesquisa: identidade, subjetividade, interseccionalidade, e os processos simbólicos envolvidos na construção do Eu. Até o momento, essa etapa permitiu compreender como os marcadores sociais de raça, classe, gênero e sexualidade se articulam na constituição das subjetividades e na produção artística de jovens das periferias urbanas, oferecendo bases teóricas para a futura análise empírica das composições e entrevistas. Não houve, até o momento, sujeitos externos diretamente envolvidos, já que a etapa empírica será desenvolvida posteriormente, após aprovação do Comitê de Ética. Os materiais utilizados foram artigos científicos, dissertações e livros obtidos por meio das bases de dados SciELO, PePSIC, Google Scholar e repositórios institucionais. A organização do material envolveu a construção do projeto de pesquisa, análises temáticas e reuniões com o orientador para definição do escopo conceitual da análise. O grupo utilizou como critério de inclusão produções a partir de 2022 que abordassem o trap em sua dimensão psicossocial, identitária ou discursiva.  Resultados parciais e Discussão: Até o momento, o estudo permitiu constatar que o gênero trap ainda é pouco explorado pela literatura acadêmica brasileira em sua dimensão psicanalítica e psicossocial, concentrando-se sobretudo em abordagens musicológicas, comunicacionais ou estéticas (Coutinho, 2024; Marques, 2022). No entanto, alguns trabalhos recentes (Moraes, 2023; Gonzaga & Castro, 2023) reconhecem o trap como um espaço de reexistência periférica, onde os artistas elaboram discursos potentes sobre identidade, opressão e desejo de pertencimento. Além disso, o aprofundamento teórico possibilitou mapear os principais referenciais para análise dos Ideais de Eu nas letras do trap. Freud (1914) oferece o conceito de Ideal de Eu como formação psíquica estruturante, atravessada pelas normas sociais internalizadas. Neuza Santos Souza (1983) e Fanon (2008) articulam esse conceito à experiência da negritude, ao demonstrarem como o sujeito negro internaliza um ideal de branquitude, gerando processos de alienação e dor psíquica. Butler (2003) contribui para a compreensão da performatividade de gênero, apontando que os sujeitos se constituem a partir da repetição de normas sociais reguladoras. Foucault (1976) aprofunda essa perspectiva ao entender a sexualidade como um dispositivo de poder e produção de subjetividade. Por fim, autores como Quijano (2005) e Angela Davis (1981) evidenciam que os ideais de classe estão profundamente vinculados à colonialidade do poder e à racialização do trabalho, marcando os discursos de ascensão social presentes nas letras de trap. Considerações finais: Os resultados parciais indicam que o trap, enquanto produção cultural periférica, opera como uma linguagem simbólica de subjetivação, elaborando ideais de Eu fortemente atravessados pelos marcadores sociais da diferença. O aprofundamento teórico realizado até o momento permitiu construir uma base sólida para a análise posterior das composições dos artistas participantes. A principal contribuição desta etapa é evidenciar a relevância de se investigar as formas de enunciação e performatividade presentes no trap sob uma perspectiva psicanalítica, que ainda é rara na produção científica brasileira. Como limitação, destaca-se o caráter inicial da pesquisa, ainda sem dados empíricos coletados. As próximas etapas incluirão a produção de letras por artistas convidados, entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo das produções, a partir dos referenciais construídos nesta fase.

  • Palavras-chave
  • Trap, Subjetivação, Psicanálise
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Ciências Sociasi Aplicadas
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II Jornada Científica do PROMIC 2025 é uma iniciativa promovida pela Coordenadoria de Pesquisa e Monitoria (COOPEM) da Unifametro, com o objetivo de fomentar a divulgação e o acompanhamento do progresso dos projetos desenvolvidos no âmbito do Programa de Monitoria e Iniciação Científica (PROMIC).

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